
Moradores do Horto tentam resistir a remoção de uma família
No dia 4 de abril, policiais da tropa de choque da polícia militar foram ao Horto — bairro nobre da zona Sul do Rio — para cumprir um mandado de reintegração de posse contra uma das 625 famílias pobres que vivem há mais de um século na região e estão ameaçadas de remoção. O mandado foi emitido pela 23ª Vara Federal e deveria ser cumprido no dia anterior. No entanto, a forte resistência popular com barricadas e centenas de apoiadores obrigou o adiamento da ação. Segundo a União, as famílias estariam dentro dos limites do Jardim Botânico e, por isso, deveriam ser removidas sem direito a qualquer tipo de reparação.
O senhor Delton dos Santos, 71 anos, era o proprietário do imóvel e vivia no local com vários de seus parentes, entre os quais três crianças, de 3 a 8 anos de idade. O filho de Seu Delton, Max Luiz dos Santos, 45 anos, disse à reportagem de AND que a remoção de sua família é um crime.
— É uma injustiça o que está acontecendo. Essa casa tem 150 anos e nós somos a quinta geração da mesma família a viver aqui. Meu avô foi um dos cinco primeiros moradores desse lugar. O Jardim Botânico deu a casa para o meu avô. Ninguém disse que, um dia, a União poderia exigir o local de volta. Nós temos crianças aqui e o meu pai já está com 71 anos. Ele já tem duas pontes de safena e isso tudo é um atentado à vida dele. Minha mãe tem 68 anos. Cadê o estatuto da criança e do adolescente? Cadê o estatuto do idoso? Eles que fazem a lei, então ela só funciona quando eles querem. Nós não recebemos nada, nenhuma notificação. Ficamos sabendo uma semana antes que seríamos jogados na rua, sem direito a nada. Se você joga um animal na rua, isso é considerado mau-trato, agora, se você joga um ser humano na rua, não é crime. Que lei é essa? — pergunta.