A ilha da Grã-Bretanha, que nos últimos anos vem sendo palco de retumbantes marchas de trabalhadores e estudantes em defesa dos direitos e do patrimônio do povo, ambos em processo acelerado de dilapidação – não bastassem os anos de guerra aberta às empresas públicas e aos sindicatos, declarada pela recém-morta Margaret Thatcher e os períodos subsequentes de incessantes políticas anti-povo levadas a cabo por John Major e pelos “trabalhistas” Tony Blair e Gordon Brow –, dilapidação em curso sob a égide do “primeiro-ministro” da vez, David Cameron, voltou a tremer sobre o mar do Norte e sob os pés das multidões no último 29 de setembro.
Naquela data, mais de 50 mil pessoas (isso segundo estimativas da polícia!) juntaram-se em uma gigantesca marcha pelas ruas da cidade industrial de Manchester, no norte da Inglaterra, em justo protesto contra os cortes nos serviços públicos e contra a privatização do serviço nacional de saúde. Foi uma das maiores manifestações populares da história de Manchester.
A marcha dos 50 mil em Manchester foi marcada para o mesmo dia da abertura do congresso do Partido Conservador, de David Cameron, que vem promovendo no SNS, o serviço nacional de saúde britânico, uma criminosa destruição de um serviço público essencial a níveis só comparáveis a depredações de sistemas de saúde levadas a cabo nas semicolônias do mundo por exigência dos organismos do capital financeiro internacional, como o FMI. Um número em especial dá conta da dimensão da infâmia: só nos últimos três meses, 21 mil trabalhadores do SNS perderam os seus empregos.
Entre outras medidas da administração fascista de David Cameron anunciadas recentemente estão o fim do segurodesemprego para jovens com menos de 25 anos de idade (o desemprego galopante em toda a Europa vem castigando sobretudo os trabalhadores mais jovens) e novas leis para peneirar os imigrantes de acordo e exclusivamente segundo os interesses das empresas capitalistas britânicas e para deportar os estrangeiros que não interessam a essas mesmas companhias.