Cantor, compositor, poeta, percussionista e pintor, Galvão Filho nasceu em uma família de músicos de Natal, RN. Envolvido com cultura popular, ajudou a fundar um grupo de teatro de rua em sua cidade, trabalhando os folguedos populares através de suas canções feitas para os espetáculos.
— Na minha casa se escutava de tudo e isso resultou que cada um dos meus irmãos seguisse uma linha de trabalho. Sempre foquei na mente que queria fazer alguma coisa ligada à área da música, e me identifiquei muito com a cultura popular, o folclore nordestino — conta Galvão.
— Comecei com percussão, depois passei a pesquisar ritmos e estudar violão clássico e violino, tudo para melhorar meu trabalho com música popular. Mas só me envolvi com essa parte do folclore quando já era compositor.
— Além das muitas manifestações que presenciei desde menino, o teatro de rua era uma coisa que muito me impressionava e por conta disso acabei me envolvendo com ele. Fui um dos fundadores do grupo Alegria Alegria, tradicional de teatro de rua daqui — acrescenta.
O Alegria Alegria tem mais de 20 anos de existência, sendo um dos mais antigos grupos de teatro de rua em atividade.
— Nosso primeiro espetáculo foi o Pedro Malasartes, com músicas que falam dos folguedos populares. Nesse momento que comecei a me envolver com teatro é que passei a escrever na linguagem popular. Além de fazer as músicas, também atuava como ator em alguns momentos — diz Galvão.
— Fiz músicas para outros grupos também, tanto teatro adulto quanto infantil. As pessoas precisavam e me procuravam para escrever. No momento não estou mais envolvido com teatro, porque escolhi seguir minha carreira de músico mesmo, e não sobra tempo.
Galvão tem muitos parceiros que foi conhecendo ao longo de sua carreira e que muito ajudaram a enriquecer seu trabalho.
— A música me fez conhecer pessoas importantes e ir evoluindo dessa forma. Hoje tenho como amigos e parceiros, Xangai, Geraldo Azevedo e muitos outros. Às vezes pego uma letra de um parceiro e coloco melodia, outras faço só o refrão, mando para um parceiro e ele escreve em cima — explica.
— Ao contrário, também colho um pedaço de música e componho o restante da melodia. Também acontece de pegar uma melodia pronta e fazer a letra em cima, ou compor letra e música, enfim, é um processo muito livre.
— A temática nordestina aparece refletida em tudo o que faço. A maneira de escrever já declara tudo. E seja o ritmo que for, quando faço um trabalho fico ansioso para ver o efeito que vai surtir nas pessoas. Elas comentam, me ligam dizendo que se identificaram com determinada música — diz.