
Moradores do Morro dos Macacos erguem barricada em chamas numa rua de Vila Isabel
Na noite do dia 6 de maio, mais um caso de violência envolvendo uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) ganhou as manchetes dos noticiários. No Morro dos Macacos, Zona Norte do Rio de Janeiro, o menino Vitor Gomes Bento, de 8 anos, foi baleado depois de um “patrulhamento de rotina” pelas vielas da favela. A população, assim como a família do garoto, acusa policiais da UPP de entrarem atirando a esmo em um beco e acertarem o menino em cheio na cabeça. Revoltados, moradores desceram o morro, fizeram barricadas e enfrentaram as tropas de repressão do Estado reacionário.
Nossa equipe esteve no local e registrou imagens de pessoas fugindo do gás lacrimogêneo, mulheres e crianças deixando a favela em busca de atendimento médico. A reportagem de AND também pôde acompanhar de perto a resistência dos moradores, com paus, pedras, rojões e morteiros, contra a polícia armada com bombas de gás e efeito moral e balas de borracha.
— Eles não respeitam ninguém. Esculacham morador, dão tapa na cara. Estão jogando bombas dentro das casas das pessoas. Isso não pode acontecer. A gente não tem nada a ver com nada. Acertaram a criança na cabeça saindo da escola. Isso não pode acontecer. Nós somos sofredores — diz um jovem com o rosto coberto.
— O meu filho de um ano e sete meses foi levado para o hospital pelo meu marido porque fixou asfixiado pelo gás de pimenta. Isso é um absurdo. Essa UPP só piorou o morro. Estou indo para o hospital do Andaraí. Eu estava dentro de casa e nem sabia o que estava acontecendo — diz a diarista Cláudia Gonçalves.
Nos dias 7 e 8 de maio, moradores voltaram a protestar fazendo barricadas no entorno do Morro dos Macacos, bloqueando ruas e novamente enfrentando as tropas de repressão. Até o fechamento desta edição, as últimas informações que tivemos eram de que o menino Vitor Gomes, depois de ser submetido a várias cirurgias, continua internado em estado gravíssimo na UTI do Hospital dos Servidores, no Centro do Rio de Janeiro.