Este breve relato foi enviado à redação do AND pelos camponeses em luta pela posse das terras do latifúndio Araupel, no Oeste do Paraná.

Ocupação de pedágio pelos camponeses
Neste ano de 2015, o acampamento Herdeiros da Terra de 1º de Maio tirou como meta acabar com o latifúndio e começou com as terras griladas da empresa Araupel, no Oeste do Paraná, que vêm causando o deserto verde, aprofundando a desigualdade social da região e provocando o assassinato de camponeses em luta pela terra, impedindo que a terra cumpra a sua função social.
No dia 4 de março, os camponeses roçaram aproximadamente 50 alqueires de pinus (árvore plantada pela empresa para produzir celulose e o deserto verde) e tomaram como meta a produção de alimentos na área roçada.
Já existe produção em algumas outras áreas ocupadas e os frutos dessa produção já podem ser consumidos pelos camponeses.
Nos meses de março e abril, o MST anunciou uma jornada nacional de lutas. Os camponeses do acampamento Herdeiros da Terra de 1º de Maio já deram início a jornada no dia 9 de março, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher Proletária, ocupando o pedágio na cidade de Nova Laranjeira e deixando as cancelas abertas. Este foi um legítimo protesto do povo contra os caros pedágios, essas máquinas de fazer dinheiro para os governos e as empresas que os administram. O protesto foi saudado pelos motoristas.
Na tarde desse mesmo dia, os camponeses se dirigiram à cidade de Laranjeiras do Sul, onde ocuparam o prédio da Previdência Social contra os ataques dos pacotaços da gerência Dilma. Em seguida, em passeata, os camponeses percorreram o centro da cidade até o Núcleo Regional de Educação agitando a palavra de ordem “Por uma educação do campo e contra o fechamento das escolas do campo”.
Devido a falta de transporte, muitos trabalhadores que desejavam participar do protesto tiveram de ficar no acampamento. Outros improvisaram e foram até de caminhão para a manifestação.

"Fora Araupel grileira e assassina!"
No dia 10 de março, os camponeses protestaram em Quedas do Iguaçu, cidade vizinha do acampamento, onde se encontra a sede da fábrica da Araupel. Durante o trajeto, uma barreira policial, a mando do latifúndio, pretendia impedir a passagem dos camponeses retendo a manifestação durante cerca de duas horas. Policiais fortemente armados também faziam a segurança da empresa e, durante todo o dia, cercaram o protesto.
Já no dia 11 de março, foi realizado um ato em frente à sede do Incra, em Laranjeiras do Sul, exigindo que os acampamentos que estão há mais de 15 anos vivendo e produzindo nas terras griladas pela Araupel, famílias que independentemente de governos já dividiram as terras por conta própria, sejam reconhecidos. Os camponeses exigiram que suas situações sejam regularizadas e cobraram do Incra uma resposta definitiva sobre as terras griladas da Araupel. Uma comissão de camponeses decidiu acampar na sede do Incra para que suas reivindicações fossem recebidas e atendidas.
A juventude camponesa compareceu em peso à todas as mobilizações e protestos, colocando-se na linha de frente da agitação.
Os camponeses relataram que pretendem mobilizar muitos outros companheiros para a luta pelas terras da Araupel e pelo fim do latifúndio. Reafirmaram a sua decisão de varrer o deserto verde da Araupel e produzir mais, acabar com a dominação do latifúndio e distribuir terras para quem nela vive e trabalha.