Em 23 de junho, véspera da festa de São João, bandeiras vermelhas tremularam nas ruas da pequena cidade de Messias, Alagoas, e o carro de som percorreu a cidade de fora a fora enquanto camponeses distribuíam panfletos anunciando a Festa do Corte Popular na Área Revolucionária Renato Nathan .

Manifestação da Festa do Corte Popular
A festa teve um significado especial para os camponeses, pois lá nem sempre esteve presente essa alegria. A antiga fazenda Lajeiro, cujas terras atualmente fazem parte da Área Revolucionária Renato Nathan, há aproximadamente oito anos se encontrava abandonada e dominada pelo tráfico e pela violência, deixando amedrontadas pessoas que passavam ou moravam nas proximidades.
Em 2007, famílias camponesas se organizaram, decidiram tomar e colocar aquelas terras para produzir, e assim o fizeram. Hoje, nas terras da Área Renato Nathan se produz macaxeira, maracujá, abacaxi, milho, feijão, banana e muitas outras lavouras. Até uma sede de alvenaria e uma ponte foram construídas pelas mãos dos próprios camponeses. Famílias que residem nas proximidades passaram a poder lavar sua roupa e louça num rio limpo e bem cuidado e também frequentar o local para passear sem medo da violência que existia há anos atrás.
Tomar as terras, cortar, plantar e resistir
A permanência nas terras tem sido possível pela resistência dos camponeses contra a falida usina Utinga Leão, que, apesar de não poder comprovar o título dessas terras, tem o judiciário a seu favor.
Foi através da resistência, fechamentos de BR e audiências na Vara Agrária, que os camponeses concluíram uma parte do Corte Popular, dividindo democraticamente as terras. Em abril desse ano, também com muita luta, os camponeses concluíram a segunda parte do Corte Popular, dividindo os lotes de forma independente do velho Estado e impulsionando a produção.