Na manhã de 1º de julho, a redação de AND e o Comitê de Apoio ao jornal em Belo Horizonte visitaram, acompanhados de uma equipe do Sindicato dos Trabalhadores da Construção de BH e Região (o Marreta), a comunidade Rosa Leão, situada na região da Mata da Izidora, entre os municípios de Belo Horizonte e Santa Luzia, em Minas Gerais.
A comunidade Rosa Leão e as comunidades Vitória e Esperança somam mais de oito mil famílias que lutam pela moradia e ocuparam o terreno onde ficava situada uma antiga fazenda que, segundo os moradores, é terra “de ninguém”. Ali, as famílias vivem, lutam e trabalham há mais de dois anos.
Tivemos a oportunidade de entrevistar e conversar com algumas famílias. São trabalhadores e trabalhadoras que, diante dos altos aluguéis e das contas e impostos abusivos, decidiram se organizar, conquistar um terreno através da luta e construir suas casas e uma nova vida.
A Mata da Izidora — que, segundo nos relataram os moradores, é o nome de uma escrava alforriada e rebelde que viveu naquelas terras — é alvo da especulação imobiliária, da sanha das empreiteiras e dos governos. Havia o plano de construção de um condomínio de luxo naquela área já acertado com empreiteiras e a gerência Márcio Lacerda (PSB) de Belo Horizonte.
Em 19 de junho, as famílias das três comunidades bloquearam a rodovia MG-10 em protesto contra anunciada ação de reintegração de posse. Há dias elas viviam em constante tensão e vigília. A mando das gerências estadual (Pimentel/PT) e municipais (Marcio Lacerda e Calixto, PSB de Santa Luzia), uma brutal repressão policial foi desatada contra homens, mulheres e crianças que protestavam. Mais de 100 pessoas ficaram feridas pelas balas de borracha, spray de pimenta e bombas, atiradas pelos policiais até mesmo de um helicóptero.
Na comunidade Rosa Leão, fomos recebidos no barracão coletivo pela Dona Maria. Nossos guias na comunidade foram o Sr. José e o Sr. Olídio, que nos apresentaram a comunidade, falaram da luta, da resistência e dos projetos.
Sr. José é operário da construção e vive na Rosa Leão desde a tomada do terreno. O Sr. Olídio também é operário da construção e nos mostrou orgulhoso sua carteirinha do Marreta. Ele é morador vizinho da comunidade e, voluntariamente, participa, junto de sua esposa, da vida e da luta da Rosa Leão, cumprindo diversas tarefas cotidianas na comunidade.