A dimensão aguda com que a crise de superprodução relativa do capitalismo internacional ora se manifesta na Grécia tem sido comumente instrumentalizada pelos administradores políticos do grande capital europeu e pelo monopólio da imprensa burguesa mundial para tentarem mitigar o seu caráter incontornavelmente estrutural e o estado de agonia infindável dos grandes monopólios transnacionais que têm matrizes nas potências imperialistas, bem como escamotear a responsabilidade da opressão econômica, sobretudo por parte da Alemanha, a respeito do extremo estado de coisas no terreno grego.
É um grande esforço para se autoatribuir legitimidade suficiente para transferir as decisões político-econômicas referentes às nações periféricas da zona do euro diretamente para a alçada de Berlim, Paris e Bruxelas — esta espécie de neocolonialismo praticado no seio da União Europeia com o qual contam as nações centrais do capitalismo europeu para buscarem, elas próprias, algumas bolhas de ar. Esmeram-se, os cabeças do capital monopolista e seus pregoeiros da imprensa capitalista, para fazer crer que a crise agudizada sobretudo na Grécia, em Portugal, na Espanha e na Irlanda são fruto da irresponsabilidade dos políticos, da bolha imobiliária, do excesso de “gastos sociais”. Toda esta ladainha fragmentada mal resiste ao fato de que as populações trabalhadoras dos grandes países imperialistas da União Europeia também não param de ser castigadas por medidas antipovo, de “austeridade”, ainda que em grau que por ora não se compara ao arrocho grego, mas a cada dia mais assemelhado à destruição dos salários, dos direitos e do patrimônio público das semicolônias da Europa e do mundo.
No último dia 8 de julho, o ministro das Finanças do Reino Unido, George Osborne, anunciou que a administração David Cameron implementará um “pacote de cortes sociais” para o próximo orçamento de Estado. Desaparecerão, em relação aos números atuais, 12 bilhões de libras (o equivalente a 16,6 bilhões de euros) em verbas para o funcionamento de serviços públicos e pagamento de “benefícios” (palavra usada à exaustão por tudo que é força antipovo para dar um ar de “privilégio” aos direitos e garantias dos trabalhadores).