Percussionista maranhense radicado em Belo Horizonte, Zeca Magrão faz shows, acompanha outros artistas em gravações e se dedica a fabricação e uso do cajón, instrumento peruano adaptado aos ritmos brasileiros. Trabalhando em vários projetos de percussão, Zeca também luta contra a atual lei do silêncio, que está prejudicando muitos músicos.
— Ainda carrego muita coisa do Maranhão, mas estou mais do que radicado aqui, onde desenvolvo trabalhos de percussão com alguns nomes como Rubinho do Vale, Paulinho Pedra Azul, João Araújo, Saulo Laranjeira e muitos outros. Mas lá em São Luís do Maranhão já trabalhava com o Zeca Baleiro —conta.
— Cheguei aqui em Belo Horizonte por causa do Seminário Brasileiro de Música Instrumental, organizado pelo Toninho Horta, em 1986, e não voltei mais. Veio eu, o Zeca Baleiro e mais dois músicos. Eles ficaram uns dois anos e depois voltaram para São Luís .
Zeca Magrão começou a desenvolver um trabalho de percussionista ainda na capital maranhense, desde os quatro anos de idade.
— Meus tios tinham escola de samba, blocos carnavalescos, e assim a percussão chegou para mim de uma forma bem natural. Só que, primeiramente, tive que satisfazer minha família, tive que estudar, e assim fiz meu segundo grau —lembra.
— Depois já comecei a trabalhar profissionalmente com percussão, me envolver com os movimentos de música de lá. Quando cheguei só dei continuidade ao trabalho, só que com o pessoal daqui, e toco com gente de fora também, acompanho artistas de diversos estilos musicais: violeiros, pessoas do forró, do instrumental, do samba etc —diz.
Magrão conta que, além das gravações e apresentações, ele dá aulas, realiza oficinas de percussão pelos interiores do estado e trabalha na confecção do cajón, seu instrumento oficial.
— Toco quase todos os instrumentos de percussão, não digo todos porque é impossível, esse universo é muito amplo. Mas, desenvolvi um trabalho especial com o cajón —explica.
— Apesar da origem peruana, ele foi muito adaptado na música flamenca por um brasileiro, o Rubens Dantas, que, na época, tocava com o Paco de Lucia. Me identifiquei muito com esse instrumento e hoje trabalho mais com ele —continua.
— Porém, continuo trabalhando com outros instrumentos, o pandeiro etc. Muitas pessoas têm a oportunidade de conhecer o cajón nos meus shows e se interessam. Artistas acabam me chamando para fazer gravação, som e até para comprar mesmo, porque é um instrumento muito versátil, dá para fazer qualquer ritmo com o cajón —expõe.