- No artigo anterior, avaliei que as saídas não emergem das discussões entre economistas monetaristas, autointitulados liberais, versus keynesianos.
- Quais são os problemas maiores? Desemprego, aperto financeiro e dívida pública imensa, em contraste com a abundância de recursos naturais e de gente querendo trabalhar e progredir na vida.
- Há que tratar da produção e da finança em conjunto. Finança não é problema: cria-se crédito e emite-se moeda para realizar as produções necessárias ao desenvolvimento econômico e social.
- Este deve ser assim definido: o progresso em atender as necessidades reais da população, inclusive defesa e segurança, por meio da produção de bens e serviços, realizada no País com tecnologia e capitais nacionais, sem deteriorar o ambiente, e até recuperá-lo.
- Haveria que erguer os órgãos de planejamento, financiamento e promoção das empresas agentes dessa construção:
1) empresas privadas em competição, basicamente médias e pequenas, e cooperativas formadas por pequenas e micro;
2) estatais e mistas, nas indústrias de base e na infraestrutura, regidas sob estatuto orientado pelo mérito, admitidas demissões, se comprovado o descomprometimento com a elevação da qualidade e outros objetivos essenciais. - Tal composição pressupõe a criação de órgãos de defesa econômica aparelhados para assegurar concorrência legítima nos mercados, avaliar a administração das estatais e mistas, e influir nela. Há que vedar aquisições por empresa estrangeira e modificar o conceito desta na Constituição.
- Conjuntos de empreendimentos formariam o setor produtivo em interação, desenvolvendo o mercado interno, em patamar superior de tecnologia, com conexões intersetoriais e apoio das estatais e mistas e da política econômica.
- Estimular-se-iam, nesse patamar, indústrias baseadas em experiências anteriores à desindustrialização (a produção industrial, 35% do PIB nos anos 80, caiu a 10%). Também, novas produções de consumo para necessidades reais desatendidas (em lugar das artificiais criadas pelo marketing); e dos respectivos bens intermediários e de capital.
- A infraestrutura tem de ser reorientada em função das interações no mercado interno, da lógica dos recursos naturais e posição geográfica deles e das regiões utilizadoras.
- Indispensável fomentar indústrias de alta tecnologia, como aeronáutica/espacial; eletrônica e informação; nuclear; defesa; materiais estratégicos, como petróleo, terras raras, nióbio e quartzo e seu aproveitamento em bens intensivos de tecnologia.
- Na infraestrutura:
1) ênfase na energia de biomassa, com produção descentralizada, combinando alimentos, etanol, óleos vegetais e seus subprodutos, bases de nova química;
2) energia hidroelétrica, eclusas e integração com os transportes aquaviários, sem ingerências pseudoambientalistas e indigenistas a serviço de potências imperiais;
3) desenvolvimento de linhas de transmissão;
4) estatizações no setor elétrico e supressão do escandaloso sistema tarifário atual;
5) proibição de novas termoelétricas;
6) substituição de importações dos equipamentos de energia solar e eólica, desenvolvendo-os em escalas menores e melhor tecnologia;
7) destinação do petróleo a usos mais nobres, à medida que a biomassa assegure o fornecimento de combustíveis líquidos;
8) nacionalização do petróleo e da petroquímica;
9) desenvolvimento de tecnologias de transportes interestaduais e urbanos de massa, trens de velocidade, metrôs e mais meios econômicos e não poluentes;
10) fomento a empresas nacionais de transportes fluviais, marítimos, ferroviários e aeronáuticos;
11) constituição de empresas nacionais e estatais de telecomunicações estratégicas.
- Adriano Benayon *
- Ano XIV, nº 166, 2ª quinzena de Março de 2016