Os camponeses pobres do Acampamento Enilson Ribeiro resistem bravamente ao cerco policial sobre o acampamento, mantendo a ocupação do latifúndio Bom Futuro, no município de Seringueiras (RO) – como relatado na última edição de AND.
Os policiais militares fotografaram as pessoas e seus documentos, criando um banco de dados, um agravante em um estado onde o número de policiais em grupos de pistolagem é muito elevado, além de impossibilitar o acesso dos camponeses a alimentos e medicamentos, a ida das crianças e adolescentes à escola e de obter apoio externo.
No dia 08/08, o Tribunal de “Justiça” do estado de Rondônia (TJ-RO), restabeleceu a reintegração de posse da “Fazenda” Bom Futuro, que havia sido suspensa provisoriamente no final de julho. A decisão foi emitida pelo juiz Jorge Luiz dos Santos Leal, que definiu um conjunto de medidas a serem tomadas, tais como: o estabelecimento de um prazo de 10 dias para que os camponeses deixem o latifúndio ocupado, o despejo dos camponeses para uma localidade que esteja pelo menos a 300 quilômetros da “fazenda” e a fixação de uma multa de mil reais para cada membro da LCP que volte a ocupar o latifúndio.
Além dessas medidas, a “vossa excelência”, alegando a possibilidade de “conflito armado” entre camponeses e a policia militar, notificou o Exército, a Polícia Federal e a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN).
Em trecho da decisão, divulgada por órgãos do monopólio de imprensa como o G1 e outros órgãos de comunicação do latifúndio, o “meritíssimo” juiz demonstrou o seu ódio aos camponeses pobres, onde registrou: “Considerando a gravidade do conflito, PROÍBO AOS ÓRGÃOS PÚBLICOS de fornecer meios de subsistência à LIGA DOS CAMPONESES POBRES neste e em outros acampamentos, pois a atitude demonstrada neste caso não é de quem luta pela terra dentro da legalidade, mas de milícia armada que busca enfrentar o Estado Democrático de Direito”.
Tal decisão vai ao encontro dos interesses dos latifundiários, evidenciando mais uma vez o caráter burguês-latifundiário da justiça brasileira, não importando a esfera (estadual ou federal) ou a instância.
A decisão do juiz está em sintonia com o recente comunicado pronunciado pelo gerente estadual Confúcio Moura (PMDB), através de seu blog, no qual afirmou que irá “pegar pesado” no combate a “violência” no campo, obviamente se referindo ao combate às tomadas de terras pelos camponeses e não aos inúmeros crimes perpetrados por latifundiários e seus grupos de pistoleiros. Nas palavras de Confúcio: “Vou pegar pesado. Eu não quero ver o nosso querido Estado de Rondônia, nas manchetes nacionais, como o Estado que mais mata no campo. Que tem mais conflitos agrários. De jeito nenhum. A nossa meta é a regularização das terras (documentos) e paz no campo. E a palavra de ordem é NEGOCIAÇÃO E MEDIAÇÃO DOS CONFLITOS”, frisou o gerente de turno.