Curitibana que ganha a vida cantando em praças do Rio de Janeiro, Catarina Crystal é filha de uma polonesa e um árabe, uma imensa diversidade cultural que lhe ajudou a cantar hoje, além do português, em três idiomas: inglês, francês e árabe. Batalhadora e determinada, prestigiada pelas pessoas nas ruas, Catarina tem conseguido sobreviver da sua arte.
— A música na verdade pra mim é uma coisa emocional e realmente me faz feliz. Não é uma ferramenta pra eu adquirir fama ou ver a minha cara na revista, é o que realmente gosto. Canto com a alma, escuto com a alma. É incrível o poder que a música tem de mudar o nosso humor, lembrar algo que passamos, relembrar o passado e trazer a esperança de um futuro melhor — fala Catarina.
— Meu amor pela música e pelo canto começou assim que aprendi a falar e ter alguma compreensão. Tenho uma foto com dois anos de idade cantando com meu pai ao violão. Minha maior influência foi Janis Joplin. Conheci sua música quando eu ainda era menina, e me causou um choque de hábitos, porque tinha recém-saído de um convento — conta.
— O que mais admiro nela e nas minhas outras cantoras preferidas, é a garra, a vida, a perseverança, e até mesmo a desistência delas. Mas, acima de tudo é o cantar de alma, e todas elas têm essa garra — continua.
Aos seis anos de idade Catarina foi morar com seu avô materno, que era coronel do exército. Aos nove, seu avô a colocou em um convento, onde ficou até os 14.
— Cheguei em casa e meus irmãos já estavam crescidos, todos indo dançar. Era danceteria, balada, então comecei a mudar totalmente. E fui encontrar de cara logo a Janis Joplin para me ajudar nessa mudança. Quando criança eu era muito humilhada na escola porque era miudinha, tímida e quieta demais — lembra.
— Não conseguia fazer amizades, então sofria bullying. Meus pais são de origem imigrante, ele é filho de estrangeiro vindo do Oriente Médio e ela é da Polônia. É interessante o quanto minha família vive culturas diferentes, minha mãe vem trazendo hábitos criados por ucranianos, e meu pai estilo libanês — conta.
— Do lado do meu pai é uma comida com muito condimento, açafrão, gengibre, café, chá de hortelã, cuscuz, coisas assim. E da minha mãe é muita massa, requeijão, mingau etc. Também isso aparece bem forte na religião, meu pai pratica o islamismo e minha mãe muito levemente passando para a religião dele, mas com aquele fundo no coração para o catolicismo — continua.
Catarina começou a participar de karaokês em Curitiba, sendo muito bem aceita e aplaudida pelas pessoas que a ouviam. Mas, seu pai temendo que isso a levasse para o mundo das drogas, colocou obstáculos para que não continuasse.