Os camponeses dos acampamentos Canaã, Raio do Sol e Renato Nathan 2, em Rondônia, estão sob o risco de despejo. Para a remoção será mobilizado até o exército. Entretanto, as famílias anunciaram que não pretendem abandonar as suas terras, que estão dispostas a resistir até às últimas consequências.
Em nota, a comissão de moradores destes acampamentos, em conjunto com a LCP de Rondônia e Amazônia Ocidental, declararou que “qualquer crime que ocorrer com os trabalhadores será de inteira responsabilidade do juiz agrário Jorge Leal, do governador Confúcio, do comandante geral da PM Ênedy Dias e principalmente do presidente Temer”.
Os três acampamentos situam-se em terras públicas que foram griladas por latifundiários, somando mais de 2 mil alqueires. Estes as utilizavam para obter financiamentos em bancos, além de praticar a especulação.
Em 2003, os camponeses criaram o Acampamento Canaã; em 2005, o Raio de Sol e, em 2012, o Renato Nathan 2. O que antes era abandonado e improdutivo passou a ser a região camponesa mais produtiva do estado, contando com plantações e criações de animais, que abastecem feiras e mercados nos municípios de Jaru, Ariquemes, Porto Velho e até municípios do Acre.
O trabalho coletivo e organizado das famílias dos acampamentos, sem apoio do velho Estado, possibilitou a construção de casas, estradas, igrejas, pontes, posto médico e barracões onde ocorrem as assembleias e atividades culturais. São nos barracões que ocorrem as Assembleias Populares, espaços democráticos nos quais se debatem os problemas dos acampamentos, tomam-se decisões, dividem-se tarefas e organizam-se a vida comunitária.
O despejo ameaça os camponeses e põe essa infraestrutura em risco de ser destruída pelo aparato repressivo do velho Estado.
“Conclamamos a todos camponeses, operários, estudantes, professores, pequenos e médios comerciantes, trabalhadores em geral e democratas sinceros a apoiarem a resistência, vida, trabalho e luta dos camponeses do Canaã, Raio do Sol e Renato Nathan 2 – exemplo para todo o povo brasileiro, que não tem mais ilusão com as eleições podres e corruptas. Só o povo organizado, através de uma verdadeira Revolução, pode transformar o país numa nação de terra, pão, trabalho, justiça e nova Democracia para os trabalhadores”, finaliza a nota.