Uma nota oficial da Forças Aérea Brasileira (FAB), do final de junho, informou que um avião bimotor, levado a fazer pouso forçado por caças da Aeronáutica e que transportava 600 kg de cocaína, havia decolado de uma das fazendas do atual ministro da Agricultura Blairo Maggi, no Mato Grosso.
Ellan Lustosa/AND
Droga se abate sobre o povo. 'Foi o USA (governo e a CIA) que geraram o crack'
A Polícia Federal negou a coisa no dia seguinte. Falou-se que o piloto mentiu.
Mesmo que a suspeita não siga adiante, o caso do avião do pó, na eventualidade da nova versão reverter, não seria surpreendente.
Afinal o capitalismo-imperialismo já incorporou, há várias décadas, o business das drogas como atividade econômica “normal” a si e aos seus.
A alta burguesia nas Américas, por exemplo, tem se transformado em narco-empresária ou narco-produtora com facilidade, sem travas de nenhum tipo, voando em céu de brigadeiro, aproveitando um mercado bilionário e de amplitude mundial.
Uma mina de dinheiro inesgotável, pelo menos enquanto conseguir perdurar esse sistema podre, corrompido e injusto.
As drogas, há bastante tempo, fazem parte do estômago/ intestino do “sistemão”, assim como a estrutura criminosa nele inserida, cuja pior parte situa-se longe das favelas, vilas-misérias, periferias (onde é feito apenas o trabalho de varejo).
O novo agora, se é que se pode dizer assim, é a ocupação de cargos de poder/autoridade/comando/chefia por gente do narco-negócio ou do narco-consumo, espécimes endinheirados que têm em seu grupo alguns que são conhecidos como narizes de ouro.
Nas Américas já se teve com beneplácito/incentivo e indicação do USA uma longa lista de “autoridades” vinculadas às drogas, incluindo até presidentes da república como Noriega do Panamá e outros que citamos em reportagens publicadas em AND no decorrer desses 15 anos.
Um deles, famoso e queridinho da mídia burguesa brasileira, foi Alberto Fujimori do Peru, amigo e aliado declarado de donos do tráfico, em cujo avião principal que o levaria em viagem oficial a Paris, em maio de 1996, foram descobertos 169 quilos de cocaína.
Um assessor muito próximo de Fujimori, Vladimiro Montesinos, era comprovadamente ligado a grandes traficantes (e ao mesmo tempo agente estrangeiro, pertencente à CIA). Montesinos costumava acusar, sob holofotes e aplausos da imprensa pró-gringa, os guerrilheiros maoistas do Partido Comunista do Peru, também conhecido como “Sendero Luminoso”, de serem “narco-terroristas”, invertendo maquiavelicamente os papéis. Já que falamos em CIA, em um dos nossos livros (Peru: Do império dos incas ao império da cocaína)1 informamos que a agência de espionagem estadunidense e o Pentágono colocaram os generais Barrientos e Banzer na “presidência” da Bolívia para que eles montassem uma rede de produção e distribuição de narcóticos, cuja renda fosse repassada ao “combate à subversão” (leia-se combate às lutas populares e anti-reacionárias).