Cantor, compositor e violonista, o pernambucano Jadiel Guerra é um incansável lutador em prol do forró e da cultura nordestina em geral. Com uma sonoridade rítmica e pulsante herdada de seus conterrâneos, Jadiel trabalha o forró autêntico, misturando-o com outros ritmos brasileiros, e compõe também MPB, incluindo trilhas para teatro e cinema, procurando sempre levar suas letras para o lado da crítica social.

Jadiel Guerra compõe sobre os problemas de sua terra
— Acho que minha relação com a música vem desde o ventre da minha mãe, naquela época ela ouvia na radiola Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Jacinto Silva e Luiz Vieira, entre outros. É uma herança de sangue e paixão, pois não era moda e nem era muito bonito curtir este tipo de som. Mas, de uma família de cinco pessoas apenas eu me tornei músico profissional — conta Jadiel.
— Me juntei a vida toda com os melhores tocadores de sanfona, que me influenciaram na forma de compor e cantar. O último sanfoneiro com quem toquei, por 16 anos, foi o Severo do Acordeon, grande parceiro e tocador de Jackson do Pandeiro, Luiz Gonzaga. Severo foi na verdade o melhor sanfoneiro, até falecer em março de 2015 — diz.
— No meu Pernambuco tive influências de bandas como Quinteto Violado, Pau e Corda e Concerto Viola. Recife, minha cidade natal, sempre foi uma grande escola para músicos por ser um ambiente satélite do Nordeste onde tudo acontecia e ainda acontece — continua.
Jadiel afirma que existe em Recife uma efervescência da juventude e pessoas dedicadas em trabalhar a cultura pernambucana e todo o Nordeste.
— Há um certo orgulho em dizer que o frevo é nosso, o maracatu também, caboclinho, mangue beat e vai por aí afora. Vivi e ainda vivo esse mundo misturando tudo e curtindo o resultado. Considero meu instrumento oficial o violão, que me ajuda nas composições e nas noitadas alegres de forró, mas ultimamente não tenho me apresentado com violão, pois reduzimos a banda em trio de forró — explica.
— O trio já teve vários nomes: Trio Forrobodó, Trio Fulô do Juá, Trem Nordestino e tantos outros. Temos nos dedicado ao forró pé de serra, que é uma volta aos tempos da radiola em que minha mãe praticamente me batizou, no que hoje as pessoas entendem como forró —- fala.
— Lembro que aos cinco anos saía escondido de casa para ouvir as batidas de coco na casa do Seu Maturi. Eram tardes com o mais puro e genuíno coco de roda, umbigada, embolada, com tamanco pandeiro, ganzá até a noite cair. — recorda.
Jadiel sempre se apresenta acompanhado de zabumba, sanfona e triângulo, a formação oficial do que se conhece como forró pé de serra.
— Temos rodado pelo Brasil afora com esta formação, e quando possível com acompanhamento de baixo, percussão, cavaquinho, back e o que puder enriquecer. Faço apresentações em parceria com meu amigo e grande artista de Sergipe, Sergival (entrevistado no AND 190), e temos o objetivo nobre de difundir a nossa cultura e fortalecer o movimento do forró e da boa e criativa música nordestina neste país — diz.