Ocorreu em Seringueiras, estado de Rondônia, a Missão de Solidariedade ao Acampamento Enilson Ribeiro, no dia 18 de outubro. A Missão mobilizou centenas de estudantes, jornalistas, professores universitários e camponeses de outras zonas do estado que foram ao acampamento. A recepção foi com estrondosos aplausos e fogos de artifício.
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Camponeses e apoiadores defendem Enilson Ribeiro, 18/10
A Missão convocada pela Associação Brasileira de Advogados do Povo (Abrapo) e pelo Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos (Cebraspo) teve como objetivo “impedir que o estado de Rondônia seja palco de mais um grande massacre de camponeses”, como divulgado em seu convite.
O acampamento onde hoje moram mais de mil pessoas, dentre elas 300 crianças, tem histórico de luta acompanhado desde o início pelo AND. Os camponeses tomaram a terra (até então conhecida como latifúndio Bom Futuro) em 2016, e pouco depois, no mesmo ano, sofreram despejo. A ação policial foi brutal: os camponeses ficaram mais de 20 dias sob um cerco que impediu a chegada de comida e de todo tipo de informação. A área foi reocupada em 30 de abril de 2018 e, hoje, o Corte Popular já está em processo de culminação.
Manifestação e reunião com o Incra
No mesmo dia da chegada da Missão de Solidariedade ocorreu uma audiência pública na Câmara Municipal de Seringueiras, com as participações do Ouvidor Agrário Nacional e do representante do Incra de Rondônia. A audiência foi acompanhada por centenas de camponeses do acampamento Enilson Ribeiro, que realizaram junto com os integrantes da Missão uma combativa manifestação em frente à Câmara.
Os camponeses marcharam do Centro de Seringueiras até a Câmara Municipal, mesmo sob forte temporal. Chegando ao local da reunião, o Ouvidor Agrário Nacional e o representante do Incra se recusaram a participar da reunião porque, segundo eles, o Ouvidor teria sido “ameaçado de sequestro pela LCP” e a Polícia Federal (PF), presente no local com policiais à paisana, aconselhava-os a não entrar no local. Os agentes da PF, em caminhonetes brancas com placas oficiais, tiraram dezenas de fotografias dos camponeses e demais apoiadores.
Um camponês que não quis ser identificado criticou a justificativa dada pelo Ouvidor: “É terrorismo o que fazem nos colocando como pessoas agressivas, como bandidos”. O representante da Comissão Nacional das LCPs, durante a reunião, rebateu a suposta ameaça a Liga: “Isso é coisa do latifúndio, que quer fazer a Liga passar por algo que não é”. Ele também denunciou que, ao contrário do que vem sendo afirmado, é o latifúndio que tem histórico de sequestro contra funcionários do Incra.
Na audiência foi acordada uma reunião para o dia 28 de novembro, em Brasília, entre uma comissão de camponeses e os representantes do Incra. Até lá, a expulsão por força de ordem judicial está praticamente suspensa.