A Aldeia Pataxó Naô Xohã, do povo Pataxó Hã-hã-hãe, no município de São Joaquim das Bicas, em Minas Gerais, foi atingida no dia 26 de janeiro pela lama liberada pelo rompimento da barragem da mineradora Vale, no crime ocorrido em Brumadinho. A aldeia Naô Xohã fica às margens do Rio Paraopeba, que agora, de acordo com o governo do estado de Minas, está infectado e representa perigo às saúdes humana e animal.
O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) esteve presente na aldeia e relatou em matéria publicada no seu portal as consequências da ingerência da mineradora no campo mineiro. “A água ontem estava clara, mas hoje está vermelha escura. Já tem um bocado de peixe morto, boiando, com a boca para fora pedindo socorro.”, denunciou o cacique pataxó em entrevista ao Cimi.
A aldeia tem a extensão de 33 hectares nos quais vivem 25 famílias produzindo milho, mandioca, banana, diversas frutas e hortaliças, além de manter pequenas criações de animais. Hoje, ela vê sua existência ameaçada.
O cacique lembra que o Rio Paraopeba é “uma coisa que é de sustento não só dos Pataxó, mas de várias famílias”, e que é muito triste vê-lo “acabado, marrom, com os peixes agonizando”. O cacique comparou a situação do rio à de uma espécie de vômito da natureza que sofre com as consequências das ações do “homem branco” (não indígena).
Por consequência do rompimento da barragem, algumas prefeituras ordenaram a evacuação de populações às margens do rio. Os Pataxós, porém, recusam-se com medo de perder suas terras e também da dura vida nos pequenos centros urbanos da região.
O cacique Pataxó ainda relata que os anos de abandono deixam as perspectivas da aldeia ainda mais preocupantes nesse futuro próximo. “A Funai nos ajuda muito pouco. O rio era a nossa fonte de vida e a de muita gente aqui nessa região. Vidas perdidas, o rio destruído… é uma tragédia.”, lamenta.