Diante dos assassinatos sistemáticos de ex-guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), assim como várias outras violações dos “acordos de paz” por parte do governo colombiano, um grupo se arrependeu e anunciou, no dia 30 de agosto, que voltará à luta armada.
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Ivan Márquez anuncia volta do revisionismo armado
Iván Márquez, líder dissidente das Farc, diz no vídeo divulgado que a guerrilha “não tem como alvo soldados, nem policiais respeitosos dos interesses populares”, mas “essa oligarquia excludente e corrupta, mafiosa e violenta que acredita que pode continuar a atravancar a porta do futuro de um país”, referindo-se à fração das classes dominantes obstinada em assassinar ex-guerrilheiros.
No mais escancarado reformismo típico dessa organização, Iván assegura às classes dominantes locais que procurará “o diálogo com empresários, pecuaristas, comerciantes e pessoas abastadas do país, buscando assim sua contribuição para o progresso de comunidades rurais e urbanas”.
Após entregarem as armas, as Farc tornaram-se um partido político que hoje está representado no congresso colombiano com dez cadeiras, todas garantidas como parte do “acordo de paz”. Seus representantes no velho Estado se colocam contra a volta à luta armada: “A decisão que eles tomaram é um grande erro. Há uma desconexão com a realidade que o país vive atualmente”, disse Iván Gallo, senador pela Força Alternativa Revolucionária do Comum (Farc, convertida em partido eleitoreiro).
A Organização Maoista para Reconstituir o Partido Comunista da Colômbia, em seu texto Diálogos de paz são parte do caminho burocrático do Estado, publicado em 2013, afirmou: “Quando as Farc tiveram a oportunidade de transformar as relações sociais e de produção e de gerar nova cultura, não o fizeram. Em vez de formar bases de apoio onde se construiria novo Poder e onde as massas tomariam em suas mãos as rédeas da nova sociedade, aplicaram políticas como a cobrança de impostos a latifundiários, narcotraficantes e multinacionais, que de nada servem para resolver os problemas sociais e ambientais que estas geram. Tampouco promoveu de fato a produção nacional em detrimento do lucro imperialista, muito menos melhorou a educação e a saúde nas vastas zonas sob seu controle militar”.