Voluntarismo
Uma das variedades do idealismo subjetivo em filosofia; nega as leis objetivas e a necessidade tanto na natureza como na sociedade, além de atribuir à vontade humana papel primordial e decisivo. Principais representantes: Schopenhauer, Nietzsche, Hartmann etc.
Tal tendência tem raízes nas profundezas da Idade Média. Já surge nos escritos dos “Pais da Igreja”: Santo Agostinho (354-430) atribuía à vontade importância muito grande e unia o voluntarismo à doutrina da predestinação divina; o filósofo medieval Duns Scotus sustentava a primazia da vontade sobre a razão, da contingência sobre a necessidade e a submissão do homem à vontade divina.
O caráter reacionário do voluntarismo manifestou-se, pois, desde suas origens. O voluntarismo adaptava-se à doutrina fatalista da predestinação e da vontade divina. Na filosofia moderna, o voluntarismo liga-se, como o demonstrou Lenin em seu Materialismo e empiriocriticismo, com a doutrina de Kant, de Hume, com a fórmula kantiana: o entendimento dita suas leis à natureza. O machismo (de Mach, filósofo alemão), que nega as leis objetivas da natureza e considera o mundo criação da vontade, é exemplo notável de “idealismo voluntarista”.
Para os populistas, os anarquistas e os “socialistas-revolucionários” russos, o voluntarismo constituía a base filosófica de teorias subjetivistas, pseudocientíficas, segundo as quais as “personalidades fortes” orientariam o progresso social. Entre os neokantianos (escola de Windelband-Rickert), o voluntarismo serve para esconder as contradições do capitalismo. O voluntarismo de Nietzsche constitui justificação da violência das classes dominantes, do avassalamento e da opressão das massas. O voluntarismo é a filosofia dos reacionários belicistas, que se esforçam, a todo custo, por deter a marcha da história e por separar as massas da luta revolucionária. O voluntarismo acompanha o aventureirismo político. Assim, a filosofia fascista alemã considerava a vontade (sobretudo a do “Führer”) a força determinante dos acontecimentos sociais.
O materialismo dialético, a filosofia marxista, combate o voluntarismo. Nem a “vontade”, nem personalidade eminente determinam o curso da história: determinam-no as leis sociais objetivas. A verdadeira liberdade da vontade humana, a liberdade de trabalhar, não é possível sem a condição de apoiar-se no conhecimento das leis objetivas do desenvolver e de trabalhar sem opor-se a essas leis, mas de acordo com elas. A liberdade é a consciência da necessidade.
Ceticismo
Corrente filosófica (na teoria do conhecimento) que contesta a autenticidade de todo o conhecimento e a existência de verdades objetivas. O ceticismo, aparecido na Grécia antiga, perpetuou-se em toda a história da filosofia. O agnosticismo, que é a sua expressão mais extrema, ensina que o homem não pode adquirir um verdadeiro conhecimento da realidade. Para a teoria materialista dialética da verdade absoluta e relativa, do papel da prática social como critério da verdade, não existem no mundo fenômenos incognoscíveis, mas unicamente coisas, fenômenos ainda desconhecidos, dos quais se descobrirá e conhecerá a essência à medida que se desenvolverem os conhecimentos científicos e a prática social. A descoberta dos elos internos de vários fenômenos, como o descobrimento da história da evolução biológica das espécies, antes de Darwin desconhecida pelos humanos, comprova a potencialidade da consciência de apreender qualquer fenômeno em seu desenvolvimento, conhecê-lo profundamente, ainda que, num dado momento, seja pontualmente impossível pelas condições objetivas de desenvolvimento histórico da sociedade. Segundo Marx e Engels, a vitória do materialismo sobre o ceticismo e o agnosticismo depende, basicamente, da prática.
Existencialismo
Corrente filosófica decadente de nossos dias, variação do idealismo subjetivo, destinada essencialmente a desmoralizar a consciência social, a combater as organizações revolucionárias do proletariado. No século XX, o existencialismo se difundiu por toda a França e na Alemanha ocidental. Essa doutrina reacionária foi fundada pelo filósofo dinamarquês Kierkegaard (1813-1855), inimigo do socialismo. Por “existência” essa filosofia entende “a vida espiritual individual” e opõe a “existência” ao “ser”, isto é, ao mundo material, da vida real, física e social. A aversão à vida, o medo da morte, o desespero, tais são seus temas fundamentais. Tal “filosofia” anti-humana foi adotada pelos ideólogos do imperialismo alemão (Heidegger, Jaspers). Hoje, o existencialismo recobre-se com a máscara de “filosofia da liberdade”. Na sua luta contra o marxismo, os existencialistas esforçam-se em desacreditar a luta revolucionária em prol do socialismo através da pregação do niilismo intelectual e moral, o desprezo pela ciência e pela moralidade, assim como o abstencionismo para com a transformação social e o individualismo e egoísmo exacerbados.
Os existencialistas levantam-se contra o materialismo dialético histórico, contra a concepção marxista, científica do mundo, apoiando-se nas premissas do idealismo subjetivo, fazendo da “pura consciência em si” o ponto de partida de sua filosofia. Os existencialistas opõem a “existência” à “essência”, separando-se metafisicamente e proclamando a primazia da “existência” do indivíduo em contraposição à realidade objetiva, especialmente a social. Esta teoria está dirigida contra a doutrina materialista que considera a matéria como o dado primário e, no domínio da vida social, se levanta contra a concepção científica do determinismo histórico. Por “liberdade”, o existencialismo toma o “livre arbítrio” inato do idealismo, desconsiderando as leis objetivas e negando a transformação da realidade objetiva, enquanto o materialismo entende liberdade por uma condição alcançada após a transformação da realidade objetiva apoiando-se nas suas leis internas.
O que é necessidade e liberdade?
Em filosofia, necessidade significa aquilo que tem uma dinâmica dada, independente da vontade do homem, porque regida por leis internas. A consciência humana, todavia, pode compreender as leis necessárias de um fenômeno, traçar um plano correspondente à necessidade e transformar a realidade objetiva: a isso se chama, em filosofia, liberdade. Diz Engels: “A liberdade não está numa independência ilusória em relação às leis da natureza, mas no conhecimento dessas leis e na possibilidade, baseada nesse conhecimento, de fazê-las atuar com fins determinados” (Anti-Dühring).