Na madrugada do dia 28 de janeiro, por volta de 3:00 da manhã, a polícia israelense invadiu a casa de uma família palestina no bairro de Issawiya, na cidade de Jerusalém ocupada, e sequestrou um menino de 13 anos de idade e seu irmão de 18, que relatam terem sido torturados por horas.
Em entrevista ao monopólio de imprensa Haaretz, o jovem de 18 anos, cuja identidade foi preservada, conta que foi torturado pelos policiais com uma arma de choques elétricos (taser), algemado e obrigado a ficar de joelhos por horas enquanto era humilhado e espancado. O “interrogatório” foi conduzido sem a presença dos responsáveis legais, exigida em casos de menores de idade.
Desde o ano 2000, mais de 12 mil crianças palestinas já foram detidas pelo exército sionista. Foto: Abed al-Hashlamoun.
“Eles [policiais] empurraram a mim e meu irmão no chão, bateram em nós e nos algemaram”, conta a criança. “Eles me pegaram descalço e eu segurei meus sapatos nas mãos. Eu disse ao policial que queria calçar os sapatos, mas eles me deram um tapa e vendaram os meus olhos”. Ele conta ainda que foi mantido na delegacia por cerca de três horas, ajoelhado com as mãos algemadas nas costas, e que era chutado por um policial sempre que se cansava e caía.
“Estávamos dormindo, ouvimos um estrondo, uma explosão poderosa. Quando me levantei e olhei em volta vi cinco ou seis policiais espancando cada criança”, contou Marwan Dari, pai dos jovens, ao Haaretz. “Um deles veio até mim e me atingiu na cabeça com o taser. Depois disso, ele me socou na boca. Jogaram meu irmão, que veio de sua casa para ver o que estava acontecendo, no chão e o chutaram. O policial que me agarrou disse: ‘Estou aqui paraestuprar você e seus filhos’. Lembro-me dessa ameaça como se ele tivesse atirado em mim. Em seguida, colocou os dedos na minha garganta e repetiu a ameaça. Vi meu menino tremendo de choque e tentei ir até ele, mas os policiais não deixaram”, narrou.
A criança de 13 anos diz que, depois disso, foi levada para ser interrogada por quatro investigadores que afirmam que ele era suspeito de “atirar pedras”. Após as denúncias de tortura, a polícia israelense afirmou que os dois jovens são acusados de terem atirado bombas e disparado fogos de artifício contra as forças de repressão sionistas em manifestações contrárias à ocupação da Palestina.