Companheira querida...
Em que céu se escondeu nosso sol?
Quanto pesa a eterna saudade!
Me pergunto se vou pra cidade
Onde nunca hei de ouvir rouxinol
Penso e lavro na aurora gelada
Colho o milho da terra modesta
Venço assim esta guerra funesta
Quando cravo no chão a enxada
Pois de tão afetado me esqueço
Se abre enfim o mais brônzeo dos céus
Se abre, sim! Radiante e fiel!
E na chama da vida me aqueço
Me restou, camponesa querida
O teu lenço, um trapo puído
Velho pano de meigo tecido
Levo junto do peito na lida
Este lenço, que hasteio bem perto
Rente ao rubro rincão que semeio
É o que torna cada grão um anseio
De um rumo mais claro e tão certo
Terno lenço que guardo e aperto
Também rubro se faz num segundo
Se hasteia por todo o mundo
Na bandeira do povo liberto
E tremula a imensa mortalha!
Nos cobrindo com olhar sentinela
No vermelho, em tinta amarela
Lê-se ‘terra a quem nela trabalha’!
Resta então uma ditosa lembrança
Nela uno-me ainda contigo
Nesta luta, lutaste e eu prossigo
Para além desta vida nos lança