"Chega de lideranças mortas, devolvam nossas terras!"
Mesmo disposta a prosseguir o diálogo em setembro próximo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a Assembleia Indígena Aty Guasu adverte: "Chega de lideranças mortas pelo agronegócio, devolvam nossas terras!". Documento divulgado pelo conselho traduz a dor Kaiowá Guarani no estado que mais pratica violência étnica no país: Mato Grosso do Sul.
Apesar do sofrimento, Nhanderús e Nhandesys conclamam a sociedade nacional e internacional para condenar a destruição da mata, a perseguição aos povos e assassinatos. E denunciam sua situação à Corte Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA). "O dia da vitória está próximo", assinalam.
De Dourados, a 228 quilômetros de Campo Grande, o coordenador do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Egon Heck, reitera e lamenta o desapontamento indígena em relação às promessas feitas pela Fundação Nacional do Índio – que ficou pior na gerência de Dilma Roussef mais do que nos tempos de Luiz Inácio.
Ao deixar a gerência, ele reconheceu: "Fiquei em dívida com os Guarani". Passaram-se mais de três anos do prazo para que os relatórios de identificação das terras Kaiowá Guarani fossem publicados. Um termo de ajustamento de conduta assinado por representantes do Ministério Público Federal, da Funai e de lideranças indígenas estabeleceu a data de 30 de junho de 2009 para que os relatórios fossem concluídos e publicados, sob pena de multa diária de R$ 1 mil, ou seja, a Funai e o governo deveriam pagar mais de R$ 1 milhão em multas.