
Edmur Péricles Camargo, o Gauchão,
ousou enfrentar os jagunços de Zé Dico
Completou 45 anos, este mês, a primeira reação armada ao regime militar instaurado em 1964. Na madrugada de 23 para 24 de setembro de 1967, o militante da Aliança Libertadora Nacional (ALN), Edmur Péricles Camargo, justiçou o fazendeiro José Gonçalves da Conceição, o Zé Dico, na sede da Fazenda Bandeirante, em Presidente Epitácio (SP), região do Pontal do Paranapanema, a 457 km de São Paulo, na divisa com o velho Estado de Mato Grosso.
Camargo, o Gauchão (apelido ganho durante o tempo em que militou na "Tribuna Gaúcha", órgão do Partido Comunista do Brasil em Porto Alegre de 1945 a 1947), foi capturado e morto na Argentina, em 1975, depois de ser dedurado por informantes na caça aos opositores do regime militar.
Antes de chegar ao Pontal, ele havia liderado canavieiros em Porecatu (PR). A partir da resistência da ALN teve início a luta pela terra no Pontal do Paranapanema, abrindo caminho para a retomada de áreas devolutas fartamente distribuídas durante os anos 1950 a fazendeiros paulistas, durante o governo de Adhemar de Barros.
Nos anos 1980, um braço do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra chegou àquela região, ocupando latifúndios. Só então o Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp) e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) desapropriaram algumas áreas e assentaram famílias.