Floresta Nacional Bom Futuro
As famílias do acampamento Boa Esperança, de Porto Velho (Rondônia), tiveram mais de R$ 13 mil apreendidos pelo Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMBIO), no dia 10 de novembro. O dinheiro foi arrecadado após dura campanha de finanças levada a cabo para apoiar mais de 316 famílias que estão assentadas no acampamento. O carro de um apoiador luta camponesa, Dionísio Luis Gomes de Oliveira (que estava com o dinheiro), também foi apreendido.
Dionísio foi parado pelos agentes do ICMBIO enquanto deslocava-se para a cidade de Porto Velho com seu carro. "Cerca de 20 policias e um delegado nos cercaram, estávamos só eu e minha mulher. Logo me acusaram de ser chefe do acampamento.", disse.
Dionísio relata que foi detido às 9 horas da manhã, há cerca de 150 metros de distância da divisa da área. Ele denunciou que os agentes intimidaram ele e sua família durante horas dentro de uma viatura que circulava, quase que sem rumo. Dionísio ficou três dias preso sem dormir numa cela com água até o joelho na Penitenciaria de Médio Porte Pandinha, na zona rural de Porto Velho.
Esquema de expulsão e grilagem
A área Boi D'Água (acampamento Boa Esperança) é legalmente propriedade de Delson Pinto de Souza, herdada do pai que foi um dos pioneiros da colonização da região, antes mesmo da área ser designada como área de conservação. Delson permite que os camponeses sem terra ocupem suas terras.
Delson, em suas entrevistas, confirmou que possuí considerável documentação provando legalmente que é dono da área, posse inclusive reconhecida pelo ICMBIO que já deu autorização para ele construir uma pequena estrada na área. Entretanto, Deilson afirma que já foi ameaçado de morte por agentes do próprio ICMBIO para que abrisse mão de suas terras.
Apoiadores do jornal A Nova Democracia em Rondônia afirmam que o Ministério Público Federal em Porto Velho já declarou que os representantes do ICMBIO "recebem propinas de parcelas de terras incrustadas na Floresta Nacional Bom Futuro que repassam para apaniguados" – os apaniguados em questão seriam principalmente garimpos e madeireiras clandestinos e alguns latifundiários. É a partir desse corrupto esquema de propinas e repasses com terras da união que criou-se o clima de terror que ameaça o campesinato com intimidação, roubos, tortura e despejo.