Moradores exigem respeito durante operação da PM. Foto: Redes Sociais
Forças policiais ocuparam o complexo de favelas da Viradouro, localizada em Santa Rosa, no município de Niterói, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, por tempo indeterminado e em meio à pandemia do coronavírus.
No dia 19 de agosto, Polícia Militar (PM) invadiu a favela da Viradouro com o objetivo de ocupar a localidade, em uma operação que contou com Comando De Operações Especiais (COE), Batalhão de Ações com Cães (BAC), Batalhão de Polícia de Choque (BPchq), o Batalhão de Operações Policiais (Bope) e o 12º Batalhão da Polícia Militar de Niterói.
A operação, seguida da ocupação do território pelos militares, faz parte de uma plano de “obras” da região, segundo a prefeitura. Estranhamente (ou nem tanto), as supostas obras ainda não começaram, porém a atuação da polícia não tardou a começar. Tamanha força policial serviu para intimidar e humilhar os moradores da Viradouro com a justificativa de "restabelecer a segurança da população, assim como o acesso aos serviços prestados pelos demais órgãos da administração pública”, como afirmou em nota a Secretaria de Estado da PM.
Segurança para quem?
Sob a desculpa de segurança para a população e de empreender a tal obra dentro da favela da Viradouro, a prefeitura de Niterói, em conluio com o ex-governador do estado, ordena a ocupação da favela pelos aparatos policiais e todo abuso e violência, consequências da atuação da polícia.
Apesar do que foi dito na nota da PM, os moradores da Viradouro denunciaram os abusos da Polícia contrariando o que alegam as autoridades sobre fornecer uma “sensação de segurança”.
Denúncias contra o abuso policial têm sido feitas pelos moradores nas redes sociais, com relatos de que a polícia tem sistematicamente invadido casas, arrombado portas e abordado os moradores com violência física e de forma arbitrária.
No dia 26/08 os moradores protestaram com faixas nas sacadas das casas pedindo respeito com os dizeres: “Casa de morador, respeite!”, “Casa de morador, não arrombem a porta, saiu para trabalhar”, evidenciando o absurdo tratamento da polícia para com o povo pobre.
Até agora, pelo menos um morador foi morto pelas Forças policiais e 6 ficaram feridos, mas até agora a informação sobre a identidade dos feridos e do morto não foram fornecidas pela PM.
Terrorismo de Estado
O terror reconhecidamente expresso pela polícia do RJ, toda sua truculência e métodos ungidos das torturas da Ditadura Militar, se expressa também na polícia de Niterói. Dias após a prisão injusta do jovem Danilo, morador da favela do Estado, em Niterói, a polícia militar promove agora uma verdadeira guerra contra o povo da Viradouro, pretendendo fazê-la não de forma pontual, mas sim, permanente.
A prefeitura de Niterói, com sua desculpa de “revitalizar” áreas da favela, pretende também construir duas cabines policiais dentro da localidade. Essa operação de terror é claramente inspirada na política das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), expressão máxima da militarização reacionária promovida pelo velho Estado nas favelas do Rio de Janeiro.