Edson dos Santos, major da UPP da Rocinha em 2013. Foto: Banco de dados AND
Edson Raimundo dos Santos foi oficialmente reintegrado à Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. Além de ser um dos condenados pelo pelo sequestro, tortura, assassinato e desaparecimento do operário da construção civil Amarildo Souza em 14 de julho de 2013, o major Edson era comandante da UPP da Rocinha na época do bárbaro crime que repercutiu por todo o país e mundo.
Sua condenação havia ocorrido em 2016, porém desde o final do ano de 2019 ele está em liberdade condicional. Outros 4 PM’s envolvidos diretamente no caso também foram absolvidos neste ano. A decisão de reintegração partiu do secretário de estado da PM, coronel Rogério Figueredo de Lacerda.
O caso do assassinato de Amarildo de Souza, que morava na Rocinha e trabalhava como ajudante de pedreiro e foi morto em durante a Operação chamada Paz Armada, repercutiu durante todo segundo semestre do ano de 2013 - ano marcado por grandes levantamentos populares no país. Neste período, no Rio de Janeiro, as ruas eram tomadas com cartazes, faixas e gritos de manifestantes que exigiam resposta para a pergunta Cadê o Amarildo?.
Manifestante em 2013 levanta um cartaz denunciando a morte de Amarildo. Foto: Banco de dados AND
O caso ganhou ainda mais repercussão quando foram divulgadas as imagens de câmeras de segurança. Nelas, aparece o trabalhador sendo levado de viatura para uma construção da UPP no alto do morro da Rocinha. Ali o trabalhador foi torturado, numa ação conduzida por Edson dos Santos (então comandante da UPP). De lá, o corpo de Amarildo, já sem vida, foi levado para outras partes mais baixas da favela, em um trajeto monitorado.
O momento exato que Amarildo entrou na UPP da Rocinha foi filmado. Bem como o momento em que os mesmos policiais que o conduziram saem com o carro de polícia. Ainda assim, a condenação pelo crime só saiu 3 anos depois, no ano de 2016. O corpo do trabalhador nunca foi encontrado.
Nesta ocasião, especialistas em casos de violência policial apontaram que a juíza usou de vários recursos para isentar os crimes cometidos pela instituição reacionária da Polícia Militar sobre o povo preto e pobre das favelas. Entre esses recursos, estaria a individualização da culpa dos agentes policiais, no argumento usado pela juíza que os policiais eram “despreparados” e “ineficientes” e no seu discurso sobre os “desvios de conduta” e na necessidade de punição dos “maus policiais”.
Essa negação da política de genocídio, praticado pelo judiciário, se comprovou quando em 2019 o major Edson dos Santos seria beneficiado com a decisão da liberdade condicional. Completando o ciclo, o major condenado a 13 anos de prisão foi oficialmente reintegrado no dia 29 de janeiro.
Foto: Banco de dados AND.