Em imagens e vídeos enviados à redação de AND, é possível ver parte do aparato de guerra que foi usado pelas forças militares no dia 31 de março. Como consequência, 500 famílias ficaram sem seu atendimento médico que planejava vacinar parte dos camponeses acampados. Foto: Banco de dados AND
Dando prosseguimento à cobertura dos novos ataques do latifúndio contra o Acampamento Manoel Ribeiro, em Chupinguaia, Cone Sul de Rondônia, repercutimos a denúncia recebida na tarde de hoje, 31 de março.
No pior momento da pandemia, com cerca de 320 mil mortos pela Covid, centenas de pessoas são impedidas de receber a vacina e podem ser também despejadas, o que agrava ainda mais a situação de vulnerabilidade diante do vírus e outras doenças.
Segundo os áudios enviados até nossa redação, funcionários da saúde estavam prontos para irem até o Acampamento atender as mais de 500 famílias, porém foram impedidos devido à operação comandada por militares que, de acordo com denúncias, mobilizou ao menos 21 caminhonetes e dois helicópteros (um deles do Corpo do Bombeiros).
A vacinação que estava prestes a acontecer foi também suspensa. Os profissionais relatam que foram obrigados a suspender o atendimento devido a ordem da polícia por causa da invasão. Filmagens recebidas mostram helicópteros sobrevoando a pequena cidade de Chupinguaia. Os autores dos vídeos relatam que disparos foram realizadas durante o voo do helicóptero que pertence ao exército.
Mobilização de “autoridades” contra o direito à terra
Na manhã de 30/03, se reuniram na cidade para discutir e executar o despejo, representantes da Segurança Pública do Estado e da Casa Civil, comandado pelo General, além de comandantes das forças militares estaduais, entre eles o secretário de segurança, coronel José Hélio Cysneiros Pachá, que em 1995 em Corumbiara participou dos assassinatos, torturas e outros odiosos crimes contras camponeses no mesmo local. Os militares afirmam que querem uma busca e apreensão para realizar prisões e identificar lideranças. A operação ocorre sem ordem judicial sob a alegação dos mandantes de promover a paz no campo.
O reacionário governador de Rondônia, coronel Marcos Rocha, agindo em conluio com o latifúndio, alegou: “A gente não pode ficar olhando essa questão no papelzinho, em cima da mesa [...] Eu quero esses caras presos”, em uma clara demonstração de apoio e aval a qualquer despejo ou ação ilegal que ocorra. Este foi a Brasília tratar pessoalmente sobre o assunto com o alto escalão do velho Estado.