No dia 12 de novembro, uma camponesa e seu filho foram assassinados enquanto trabalhavam. Os dois foram esmagados por árvores, que foram cortadas com maquinário a mando do latifundiário, pretenso dono das terras. O episódio macabro ocorreu no Quilombo Bom lugar, que fica localizado no município de Penalva, Maranhão (MA).
Maria José Rodrigues, de 78 anos, era deficiente auditiva e trabalhava como quebradeira de coco, assim como seu filho, José do Carmo Corrêa Júnior, de 38 anos, que tinha deficiência cognitiva. Ambos sobreviviam do extrativismo de coco babaçu e realizavam a colheita quando foram mortos.
Segundo denúncias dos camponeses, após ordem dada pelo latifundiário “Cazuza” para iniciar a devastação nas terras quilombolas, os maquinários pesados passaram a derrubar as árvores, sem se importar com o que estivesse no entorno. As árvores então caíram sobre os trabalhadores. O Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB) afirmou ainda que há suspeita de que os corpos tenham sido esmagados também pelo trator, devido às marcas encontradas no local.
Mãe e filho camponeses, Maria José Rodrigues e José do Carmo Corrêa Júnior, assassinados enquanto trabalhavam. Foto: Fóruns e Redes de Cidadania do Maranhão
Assassinatos e impunidade: democratas denunciam governo do Maranhão
Segundo o movimento Fóruns e Redes de Cidadania do Maranhão, “a baixada maranhense tem sido palco de intensos conflitos agrários, motivado principalmente pelo cercamento dos campos públicos, a criação de búfalos e o constante desmatamento das áreas nativas para pastagem, resultando no assassinato de vários camponeses”. A organização denuncia que o “governo do estado, aliado incondicional do latifúndio, prefere silenciar, tornando-se conivente com esse derramamento de sangue dos povos da terra que há séculos moram nessas comunidades”.
Outras organizações, democratas e apoiadores também denunciam a conivência do velho Estado com os crimes praticados pelo latifúndio no estado do Maranhão. A Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), denunciando a grilagem e assassinatos realizados pelo latifúndio, afirmou que a negligência do governo do estado do Maranhão transforma a impunidade “em verdadeiras licenças para matar”.
“Com apoio do governo esses bandidos grileiros não têm sequer receio de serem descobertos, pois sabem que impunidade a eles é compromisso com governo estadual”, denunciou um apoiador por meio de uma rede social.
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Uma apoiadora através da rede social, indignada, também se manifestou: “Nos últimos meses o Maranhão tem se tornado um palco de derramamento de sangue. E o governador Flávio Dino e instituições competentes nada têm feito para solucionar os casos e punir os culpados”. Ela concluiu dizendo: “Justiça aos camponeses e camponesas assassinados!”.