Série Especial Dia Internacional da Mulher Trabalhadora
Maria Lorena Barros (1948 - 1976) foi uma ativista revolucionária Filipina, fundadora do Movimento Livre da Nova Mulher (MAKIBAKA, na sigla original) e combatente do Novo Exército do Povo (NEP), dirigido pelo Partido Comunista das Filipinas.
Folhas verdes, flores brancas¹
lua branca
Eu penso em cabelos macios e pretos
enquadrando um rosto ossudo, e a dor
como um carvão ardente
queima os dedos de minha mente.
Porque eu vi demais
do sofrimento de nosso povo
para esquecer um dia daquilo que eu devo amar
e odiar
Como poderia eu dizer que ainda te amo?
Tu virastes as costas
a esta nobre tarefa,
esta única coisa que é pura
e linda em nossas vidas,
a guerra épica pela liberdade.
Então, como poderia eu dizer que ainda te amo?
Todavia é verdade
sua lembrança, como a treva
avessa a partir antes da aurora
ainda permanece comigo -
um fantasma, um demônio monstruoso
que precisa ser exorcizado!
Eu acordo nas manhãs
num sonho de dúvida:
Terei eu a força suficiente
para vencer essa luta?
Daqui a um ano esse arbusto roto
proverá novas flores brancas?
O vento do sudoeste sopra
beijos quentes e gentis
no topo das serras.
O mar é docemente calmo.
O pio do calau²
canta como um trompete
invocando o novo dia.
Eu devo comover-me
com toda essa alegria serena!
A história marcha sempre adiante
Nosso povo terá a paz
e a vitória cicatrizará
cada ferida de combate
com a fragrância das
flores brancas
Notas:
¹ Provavelmente refere-se à sampaguita, a “flor nacional” das Filipinas.
² O calau é um tipo de ave que habita as florestas das Filipinas.
Maria Lorena Barros em foto tirada antes da fascista Lei Marcial de 1972, após a qual foi para a clandestinidade. Foto: Reprodução